sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Todo o conhecimento do mundo numa casca de metal?

A tentativa de abrigar, em uma só instituição, todo o conhecimento de uma ou mais sociedades vem de épocas remotas, como a famosa biblioteca de Alexandria. Dentre as tentativas atuais, a mais recente ambiciosa é a biblioteca digital Europeana, com conteúdos inteiros de livros raros e antigos ou cujas edições se esgotaram, pinturas, músicas, manuscritos, mapas, o imenso patrimônio cultural das bibliotecas nacionais do Velho Continente. Apenas vinte e quatro horas após seu lançamento foi fechada por conta de um número de consultas muito acima do esperado e suportado. Se esse acesso em massa capaz de derrubar um grande website significa que finalmente chegamos à tão idealizada sociedade do conhecimento regida pela simbiose da capacidade individual de internalizar informação e na existência de bancos de informação acessíveis à todos, ou se foi simplesmente um caso de uma massa mais uma vez ávida por novidade, não se sabe.
Dos milhares de artigos publicados anualmente em revistas científicas de todo o mundo, grande parte ganha, além da versão em papel, um espaço na Internet. Com a massificação da rede mundial de computadores, muitos são inclusive publicados apenas na versão eletrônica. O problema é que esse conteúdo digital carece de permanência.
Um estudo feito pelo norte-americano Jonathan Wren, do Centro Avançado de Tecnologia Genômica da Universidade de Oklahoma, mostrou que grande parte dos artigos publicados na Internet acaba em um limbo digital e os endereços onde deveriam estar retornam apenas as irritantes mensagens de "página não encontrada" no programa de navegação.
A falta de perenidade do conteúdo na rede mundial de computadores não afeta somente a comunicação científica. No âmbito do entretenimento, a baixa permanência de conteúdo é ainda maior, e tem como agravante o fato de que o mercado de entretenimento tem a novidade como grande, e às vezes, único atrativo. Uma foto, artigo, conto ou música disponibilizado em website pessoal ou em um grande portal, tem sua permanência atribuída por variáveis imprevisíveis. Uma pessoa comum que publique, por exemplo, contos em sua página na Internet, costuma utilizar servidores gratuitos, que, além de oferecem espaço limitado, não possuem garantia alguma de quanto tempo irão manter-se no ar. Um artigo publicado em um website pode sumir da Internet por mero capricho do autor, ou para abrir espaço para novos (por conta do reduzido espaço oferecido pelos servidores gratuitos), ou porque o servidor deixou de existir.
Uma iniciativa muito interessante, e utilizada como repositório pela Anarquivística.nerd, é a chamada “Internet Archive” http://www.archive.org. Fundada em 1996 e localizada em São Francisco, Califórnia, é uma biblioteca digital que busca oferecer acesso permanente a coleções em formato digital, hoje já tendo em seu acervo texto, áudio, vídeos, software e websites.
Colaborando com instituições como a Biblioteca do Congresso Americano, o Internet Archive trabalha no sentido de prevenir o desaparecimento do conteúdo digital e da Internet e preservá-lo para as gerações. Tendo em vista que acesso livre e gratuito é considerado essencial para a educação e manutenção (ou seria criação?) de uma sociedade aberta, todas as coleções estão abertas para pesquisadores, historiadores e estudantes em geral.
Só a boa vontade não preserva vastos conteúdos, para isso, são necessários processos de guarda e preservação. A guarda do acervo, por conta do contínuo crescimento da Internet, é um desafio constante, e é enfrentado com tarefas de indexação e compactação de dados e com o uso de discos rígidos IDE, fitas DLT (que possuem permanência de cerca de trinta anos) e uso do formato ARC que está cotado como formato padrão dos objetos de Internet. No que tange à preservação, é feita migração de forma conveniente e a troca das fitas DLT por Petabox, um repositório de larga escala.
A iniciativa é interessante, mas, ressalvas podem ser feitas. Como qualquer pessoa pode enviar documentos para a Internet Archive, a tendência é que as coleções alcancem um tamanho não comportável pelas tecnologias de armazenamento, chegando ao derradeiro momento em que deve ser feita a pergunta: Qual conteúdo, oriundo de coleção, deve ser preservado em detrimento de outro e a que parâmetros essa seleção irá obedecer, já que foi recebido no decorrer da atividade principal dessa instituição que é acumular e tornar acessível tudo que recebe?

1 Comentário:

Anônimo disse...

muito grande vou ler não. nem sei se é engraçado
não parece

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